quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Aprendemos muito, nos esforçamos bastante e demos o nosso melhor. Enriquecemos nossa prática  pedagógica, ficamos mais próximas da realidade digital que parecia algo tão distante e tão difícil e chegamos ao final com a sensação de dever cumprido, de superação de nossos limites, mas chegamos felizes e cheias de ideias para o futuro. 

Relato Reflexivo

          Gostei muito do curso, foi muito proveitoso, porque em cada etapa uma atividade diferente era proposta, portanto um novo desafio para ser compartilhado através dos foruns e blogs. No início tive muitas dificuldades, não tinha muita "intimidade" com o computador, mas algum tempo depois, ficamos "amigos" e fui superando cada vez mais. Quando vi o meu texto no blog, oh quanta emoção, achei maravilhoso...! E o que valeu muito também, foi a interação e a compartilha entre todos, principalmente a galera do meu grupo, simplismente maravilhosa e solidária...! E da tutora que sempre me buscou " lá no meio do caminho"! Aprendi muito durante todo o trajeto pelo qual trilhamos, cada um se esforçou para fazer o melhor, o nosso melhor. Tudo contribuiu muito para enriquecer a minha prática pedagógica, porque as tecnologias fazem parte do cotidiano dos alunos, portanto devo usá-las em meu favor, colocando em ação o que aprendi durante mais essa "caminhada" de aprendizagem.  

Vera Lúcia Taskeveski de Fáveri

Relato Reflexivo

          Foi muito gratificante realizar este curso, principalmente pela participação nos fóruns, a produção de textos (gêneros diferentes para cada grupo) que quase sempre é um desafio para a maioria das pessoas e a construção do blog. As discussões e os textos abordados no curso Leitura e Escrita no Contexto Digital foram muito interessantes e trouxeram uma grande contribuição para melhorar a prática em sala de aula. Fica claro que, como profissionais da Educação, temos que nos aperfeiçoarmos sempre, procurando desenvolver novas estratégias, para que possamos envolver nosso aluno numa aprendizagem que seja ao mesmo tempo contextualizada e prazerosa, pois pudemos observar que além das capacidades básicas ensinadas e aprendidas durante a alfabetização, nas séries iniciais do ciclo I, elas por si só não são suficientes, precisamos da contribuição de outras capacidades de compreensão, apreciação e réplica e é necessário nos inteirarmos desses conhecimentos para que possam ser colocados em prática.
          Outro aspecto importante foram as trocas de informações entre os colegas de grupo, que mesmo não estando on-line, pudemos trabalhar em grupo e obtermos bons resultados.

            Ana Maria Assoni Alcântara

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Relato Reflexivo

A participação neste curso foi muito prazerosa e a contribuição que ele promoveu para meu trabalho foi extremamente importante, especialmente em uma época voltada para tantas tecnologias, e mais do que nunca precisamos aprender a lidar com elas. Particularmente sempre tive vontade de montar um blog para divulgar os projetos e as atividades realizadas na escola, mas achava tudo muito difícil ou precisaria da ajuda de outras pessoas, dessa forma deixava a ideia sempre para depois. Agora posso colocá-la em prática! É claro que no início do curso a construção do blog parecia um bicho de sete cabeças, mas com muito esforço e companheirismo do grupo vencemos essa etapa. O trabalho em equipe, mesmo que online é outro fator gratificante, a possibilidades de trocar experiências, de realizar atividades em grupo, é muito bom. Aprender sempre, poder adquirir novos conhecimentos é preciso, é sensacional.
                                                            Daniela Maciel

Relato Reflexivo ...


Viajar sem sair do lugar. Essa foi a grande sensação deste curso. Ele nos trouxe momentos de aprendizagem com leituras e textos importantes e de fácil compreensão. Tivemos momentos de partilha, de experiências, que nos enriqueceram de conhecimentos e novidades tanto na nossa vida profissional, como pessoal.
Houve tempo para navegarmos pela infância, “pedacinhos” bons de nossa vida, onde conhecemos o mundo da leitura, e ai recordamos e conhecemos fantásticas e gostosas histórias.
O curso nos levou além, em busca de aventuras e chegamos a escrita de textos que até duvidamos um dia rabiscar tais palavras.
Enfim... o mundo virtual, que até então estava um tanto quanto distante de nosso mundo, tocamos e precisamos pisar e andar sobre ele para alcançar o objetivo do curso e surgiu o nosso Blog, tão simples mas tão do nosso jeitinho e com gosto de missão cumprida e superação de nossos limites.
Agora, em frente, levar esses conhecimentos até nossos alunos e fazê-los navegar conosco!

Maria Inês C. Mellado Matheus

terça-feira, 6 de novembro de 2012


        A partir da necessidade de desenvolver uma atividade no módulo 3 do Curso de formação a distância "LEITURA E ESCRITA EM CONTEXTO DIGITAL", em que nós educadoras da Rede Estadual do Estado de São Paulo, participamos, nasceram essas crônicas, textos que criam situações de aproximação com a linguagem real e literária, que estimulam a leitura e promovem reflexão e discussão de temas tranversais como trabalho, cidadania, ética e pluralidade cultural, além de promover a aproximação de diferentes áreas do saber.       


Divirta-se, pense ou chore com nossas crônicas.

Infortúnio

        Nunca fora de achar nada, mas não é que naquela manhã, o destino resolveu pregar-lhe uma peça.
        Como de costume, levantou-se, escovou os dentes, lavou o rosto, tomou seu café sossegadamente, e como ainda era cedo, aproveitou para ler mais um conto do livro Histórias Extraordinárias de Edgar Alan Poe, seu autor favorito, depois vestiu-se para ir ao trabalho.
        Abriu a porta, já ia saindo, quando deparou-se com um homem caído a sua porta.
        - Ah, não! Essa hora da manhã e este vagabundo caído de bêbado!
         Chutando-o com o pé, disse:
         - Levanta vagabundo! Vai Trabalhar!
         Notou que o homem não se mexia e ao tocá-lo, percebeu que estava morto, então revoltou-se:
         - Que droga de vida! Nunca encontrei nada, e agora, ao invés de dinheiro, jóias, algo de valor, encontro um cadáver? Desgraça! De que me serve um cadáver?
        - Esse filho da ... tinha que morrer bem aqui? Bem na hora em que eu ia sair para trabalhar!Que Merda!
        - Nunca tive sorte mesmo! Porcaria!
        E continuou a reclamar...
        Depois de passar um bom tempo lastimando-se da má sorte que tivera, ligou para o disque denúncia, informou sobre o cadáver e saiu normalmente.
         Durante o percurso não cansou de repetir que além de tudo ia chegar atrasado ao emprego e isso seria descontado do seu salário.


Autora: Daniela Souza Maciel

O Defunto

  Ainda meio sonolenta, acordei com o barulho insistente da campainha, consultei o relógio de cabeceira, mas não enxerguei nada, passei as mãos no criado mudo e  não conseguia achar meus óculos, então fui ao banheiro, lavei e enxuguei o rosto às pressas. Caminhei em direção à porta, estava muito difícil destrancá-la. Quando abri, corri o olhar e constatei que não havia ninguém, resolvi dar uma olhada no chão e me deparei com um corpo. Abaixei-me, toquei com os dedos, percebi que era um cadáver, pois estava frio e rígido. Fiquei tão apavorada , fiz um escândalo terrível, que as janelas da favela foram se abrindo e os curiosos surgindo. A minha varanda rapidamente encheu de gente ao redor daquele presunto, fazendo muitas perguntas. Não sabia o que fazer! Até que alguém gritou:
  ___Chame os "homens"...!
  Corri para o telefone, liguei para a central da polícia pedindo ajuda. Quando chegaram, foram averiguar e constataram que não
 se tratava de um defunto e sim de um ébrio, que passou à noite toda na balada, tomou "todas", não conseguiu encontrar o caminho de casa , entrando em coma alcoólico, errando de endereço e provocando toda essa confusão. 
 
Autora: Vera Lucia Taskeveski de Fávari

O Susto

        Alguém na central da polícia atende ao telefone, era um homem. Digo o que acabou de ocorrer e o policial desliga me chamando de desocupado e me manda ir trabalhar.
        A porta de um dos meus vizinhos se abre, era a senhora Chica, ela arregala os olhos e encara a mim depois o cadáver aos meus pés. Num piscar de olhos ela fecha porta às pressas e berra com alguém, dizendo que havia um corpo pálido na casa de seu vizinho, fala que está desesperada e precisa de um médico urgente.
        A voz dela se cala por um instante e meu coração começa acelerar, como um motor de carro a 300 por hora. Sem pensar saio correndo, desço os lances de escadas aos pulos, chegando na  portaria, amanso os passos, mas ainda estava suando frio.
        Consegui sair do prédio e nesse instante a policia acaba de chegar; agi como se não tivesse visto nada, os tiras entraram correndo. Após isso percebi que era a minha chance de fugir. Não fiz nada de errado e nem cometi nenhum crime, não devo nada para ninguém, mas os tiras e a minha vizinha fofoqueira não sabem disso, melhor não arriscar.
        Um segundo carro de policia estava chegando no local e me viram correndo como louco, não pensaram duas vezes eu seria suspeito, desceram da viatura e a perseguição esta formada, que mau dia. Eles corriam atrás de mim gritando ” pare em nome da lei”, eu respondia: “a lei só serve para os ricos, eu sou pobre!”, não acreditaram em mim, que pena!!!
        Fui para o meio da rua movimentada um carro vinha vindo a toda o sinal estava aberto, rolei por cima do capo do carro que acabou batendo no veiculo da frente e...o resto não foi nada interessante.  Os policias me xingavam de todos nomes possíveis, ainda bem que não haviam crianças por perto.
        Agora o que eu faço? Vamos revisar, acordei com um presunto na minha porta, uma vizinha louca me chama a polícia dizendo que matei o tal presunto, que droga de dia! Pensei em ir ao quartel de polícia que liguei para esclarecer as coisas, logo na entrada alguns homens fardados me reconheceram e disseram para eu não me mover e me disseram:_ Fala a verdade você não correria, correria? Respondi:_Eu sim.
        Os malditos tiras alertaram aos berros os outros policiais de que o suspeito de ser assassino do homem no prédio mais cedo era eu, era o que eu queria mais gente me perseguindo, se fossem mulheres...Isso não vem ao caso...  precisava me esconder num lugar seguro, então corri para o parque municipal da cidade que era o parque mais próximo em alguns quilômetros.
        Dei o máximo de mim para chegar ao parque e me esconder antes que os policiais pudessem me alcançar. Já no local procurei uma árvore que fosse volumosa e com muitos arbustos por perto para tornar mais difícil de me encontrarem. O parque estava quase deserto, foi fácil achar um esconderijo seguro. Subi  na árvore e fiquei atento aos movimentos de tudo que fosse vivo, principalmente o que estivesse fardado e a minha procura.
        Eles vieram mesmo, rodearam a árvore que eu estava, passaram por perto várias vezes e até tentaram escalá-la, sem sucesso algum, meu coração quase saiu pela boca nesse momento, um tempo passou e foram embora, esperei anoitecer, desci e verifiquei o perímetro,- a área tá limpa.
       O que eu deveria fazer agora que era procurado pela policia? Sair do país? Mudar de nome? Virar politico? Sinceramente não sei. Pedi a Deus por uma luz, vaguei por uma hora pela escuridão da cidade, quando percebi estava de volta no prédio onde tudo começou. Talvez eu deva refazer meus passos para encontrar algo que me sirva de álibi ou prova de que não matei ninguém.
        Para não chamar atenção entrei pela área de serviço, subi pelas escadas da saída de emergência até o meu apartamento, aquele andar estava quieto, escuro, perfeito para procurar por provas sem ser visto. A porta de minha casa estava entre aberta, pensei que haviam policiais lá dentro me esperando com a luz apagada, o que eu faço? Posso ser preso em segundos depois que os tiras apontarem armas para a minha cabeça ou posso conseguir provas de que sou inocente.
        O que faço? Ou vai ou racha, respirei fundo, abri a porta com tudo, nesse instante a luz acendeu sozinha, era como eu havia imaginado, os policiais estavam me esperando, já fui dizendo “eu me rendo, eu me-“, quando olhei vi várias pessoas me olhando com sorrisos nos rostos, uma  enorme faixa de “Parabéns” colocada na parede, uma mesa com bolo e muitos doces.
        Nossa eu fui para o céu e não percebi? Não, não tive tanta sorte assim...as pessoas gritaram Parabéns e começaram a cantar aquela música de aniversário, sem entender nada fiquei olhando até que meu vizinho,  Chico, veio e me contou tudo: “Precisávamos tirá-lo de casa por uma bom tempo para colocar a decoração, fazer os doces e tudo mais, então pedi a um amigo que trabalha num museu de cera para fazer um corpo falso o mais realista possível, depois pedi há uns amigos policiais para convencer o capitão e os demais a entrarem na brincadeira. Eles concordaram contanto que ganhassem bolo. O mais complicado mesmo  foi convencer dona Chica a participar com sua atuação a la Fernanda Montenegro,  merecia um Oscar de melhor atriz do ano”.
       Só fiquei olhando e ouvindo, um tanto quanto surpreso e Chico continuou: “Aconteceu da seguinte forma, coloquei o corpo falso na sua porta, apertei a campainha e me escondi na casa do seu vizinho da frente o seu Geraldo,  então avisamos a dona Chica para entrar em ação, em seguida os policiais. Você é um cara bem difícil de se pegar hein, e o melhor é que eu filmei os melhores momentos do dia com várias câmeras para exibir na sua festa” o que poderia dizer estava sem palavras, na verdade queria era dar um chute do Anderson Silva no Chico, mas tudo bem, comecei a rir e entrei no meio da festa. Agradeci a todos pela brincadeira, comemos e depois ligamos o som e fizemos uma balada improvisada muito divertida.




Autora: Ana Maria Assoni Alcântara

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Um Súbito Encontro

Eu sou terrível é bom parar e desse jeito me provocar.
Ufa! Que preguiça, mais um dia começando. Preciso trocar essa música do meu celular. Me modernizar. “Eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero tchu, tcha, tcha”. “Agora eu fiquei doce, doce , doce”. Acho melhor ficar com Roberto Carlos, talvez uma música mais atual, romântica... adoro o Roberto.
Mas vamos menina, o dever te espera. As aulas no Colégio. O curso de Espanhol. Academia. E, como ninguém é de ferro, à noite o barzinho com as amigas. É sexta feira. Dia de por a conversa em ordem. Ih... ia me esquecendo. Também tenho boas noticias. Hoje, quinze anos de serviço, isso significa nova licença prêmio. Vou utilizar em minha viagem à Espanha: Barcelona, Madri, olé... a terra de meus avós. Só não gosto de touradas, não posso ver mau trato a nenhum animal. E vê-lo morrer então, não posso ver nada morto. Pessoas então, nem pensar, nem em velório vou. Bem posso até ir mas fico bem longe do defunto.
Hoje não posso me atrasar, não posso faltar, mais que isso vou chegar quinze minutos antes para garantir o meu dia. Finalmente mais um sonho esta perto: minha viagem.
Estou feliz, vivendo neste pequeno apartamento, 56.  Nos jardins. Mesmo não vendo nenhum jardim, nem pássaros, nem bancos nas praças. Tudo prédio, asfalto e concreto. Diferente de Cabrália, de onde vim há dezesseis anos. Lá os pássaros cantavam, as arvores eram alegres com suas flores, a natureza sorria, as pessoas lhe diziam bom dia.
Me levanto e olho no espelho, cara de sono, grandes olheiras e essa camisola de golfinho com a incrível mensagem: Lembrança da Praia Grande. Preciso me modernizar. Uma camisola, mais sexy, transparente. Parte dos seios de fora, afinal a plástica serviu para que? Mas para que? Quem sabe hoje, um novo namorado: jovem, bonito, alegre, rico. Menos. Menos. Sem muitas exigências! Tá bom, deixo apenas pelo rico, o resto a gente arruma.
Preparo o meu desjejum. Hum...que chique... Normalmente falo café da manhã. Mas hoje, um dia especial falarei desjejum. Café, leite, pão integral sete grãos, queijo, mamão(mas tem que ser papaia), banana,  iogurte e uma mistura com farelo de trigo, quinoa, gergelim, linhaça, aveia e outras coisas que não me lembro. É quando melhor me alimento e sinto  enorme prazer por ser um momento apenas meu. Cafeína para dar uma energia extra, proteínas, carboidratos, vitamina D. Sabe-se lá quando vou almoçar.
Epa! Meu relógio biológico já começa a despertar. Eu acho que meu relógio biológico é tipo suíço, pois sempre desperta na hora certa. Tenho amigas que os relógios biológicos são tipo do Paraguai pois passam dois, três até uma semana sem despertar.Deve ser horrível. É melhor eu atender esse despertar...e logo.
Queria um super chuveiro, desses que sai um monte de água. Tem propagandas que a água cai como cachoeira. Deve ser mentira. Me viro com minha duchinha. Dá para o gasto. Debaixo dela faço coisas que até tenho vergonha de contar. Escovo os dentes com o chuveiro aberto. Me ensabôo com a água caindo. Tudo diferente do que ensino aos alunos. Ah...que belo banho para começar um belo dia.
Me enxugo, como adoro essas toalhas...fofinhas....cheirosas...
Alguém bate na porta. Essa hora? Devo estar sonhando. Não acordei direito. Ouço novamente. Alguém bate na porta. Essa campainha novamente com defeito. Preciso atender. Me enrolo na toalha. Abro a porta, apenas uma fresta, com o pega ladrão trancado. Ninguém. Estranho eu ouvi as batidas. Olho para o piso. Alguém deitado na minha porta. È pegadinha. Quem pode estar armando essa? Percebo que é um homem. Pergunto o que deseja. Não me responde. Pergunto novamente. Novo silencio.
Destravo o pega ladrão e me arrisco a abrir mais um pouco a porta. E um homem bem trajado, com gravata, bons sapatos. Por que estará nessa posição? Desconfio de uma câmara oculta. Olho para o seu rosto. Seus olhos abertos, esbugalhados, inertes, como todo o corpo. Um calafrio me percorre a espinha. Estará morto? Ponho a mão perto de seu nariz: não há respiração. Quase desmaio. A toalha que me cobria cai. Fico nua. Por sorte ninguém no corredor. E sorte maior ainda o prédio não ter se modernizado. Não existem câmeras nos corredores, elevadores, portaria ou no portão. Serão instalados a semana que vem.
Lembro do morto, ali a meus pés. Penso em por a mão no bolso de seu paletó. Procurar documentos, mas ficariam as digitais. Arrastá-lo até o elevador e apertar o térreo, é muito pesado e alguém poderia me ver. Puxá-lo para dentro de casa. Também não é uma  boa ideia, em poucas horas estaria com mau cheiro e depois como explicar à polícia. Polícia? Pelo amor de Deus. Longe disso.
Fecho a porta  e fico ali encostada enrolada, na toalha. O que fazer? Preciso sair sem ninguém me ver. Tudo tem que parecer que o morto chegou depois que sai para o trabalho. Não vi nada. Não sei de nada. O Colégio! Não posso me atrasar. Justo hoje me acontece isso. Parece brincadeira, um morto na minha porta. Tenho 20 minutos.
Vou me vestir rapidamente. Calcinha nude...hoje não, preta? Apesar do morto não estou de luto. A vermelha, tudo pode acontecer, melhor prevenir, ou seja, estar pronta. E o defunto...é casado, tem filhos, pai, mãe, como veio parar aqui? Um vestido ou uma calça? Melhor um vestido, mais rápido, e sem sutiã. Minha plástica ficou bonita...perfeita. E o defunto? Terá trabalho? Estão esperando-o no escritório? No banco? O que veio fazer aqui? Uma sandália. Estou pronta. Faltam 10 minutos. Dá tempo. Não vou perder minha licença premio.
Um problema. Como sair?
No corredor não há muito risco de ser vista. O pessoal do 51 é feirante, saíram cedo. No 52 moram dois estudantes que vão à faculdade à tarde. O 53 está vazio. O casal que mora do 54 está viajando. Restam os velhinhos do 55 que acordam depois das 9:00 horas.
Pego minha bolsa. Confiro. Material do colégio, do Espanhol, roupa da academia, documentos, vale refeição, tudo certo.
Abro a porta devagar. Quem sabe não tem mais nenhum defunto. Engano, ele está ali. Imóvel, nem uma mexidinha. No corredor, ninguém. Torço para que os velhinhos não tenham esquecido de tomar o faixa preta e estejam dormindo tranqüilos. Não olho mais para o morto. Como vou passar? Pular a cabeça, o tórax. Melhor pular as pernas. Olhando, para o alto, pulo(Não sei se tem essas virgulas ou não). Uma porta bate. Isso me imobiliza. É no andar de cima. Adeus, Senhor defunto! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Descanse em paz, mas não precisava começar esse descanso na minha porta.
Ufa... entro no elevador...ninguém.
Vou pela portaria ou pela garagem? Pela garagem, não tenho carro, posso me comprometer. Arrisco a portaria. Walter, o porteiro, está agachado atrás do balcão. Passo ligeiro. Não me vê. Enfim, na rua. O colégio fica a dois quarteirões, tenho 10 minutos. No caminho deve existir um orelhão. Sim, me lembro, existe. Na esquina da padaria. E se não funcionar? Olhe lá é ele. Está inteiro. Meu coração bate mais forte. Deu linha. Disco 190.
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Preciso fazer uma denuncia.
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Um cadáver no corredor do quinto andar, em frente ao apartamento 56, no prédio da rua dos Colibris, 1151.
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Descobri descendo as escadas, é meu exercício matinal.
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Tentei avisar, bati na porta, ninguém atendeu.
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A campainha? Está com defeito.
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Meu nome, não, é uma denuncia anônima.
Desligo.
Corro para o colégio, a campainha está tocando. Cheguei a tempo. Não perdi minha licença-prêmio. 








Autora: Maria Inês Mellado Matheus